Como é engraçado o ser chamado: Humano.
Hoje acordei animado, para mais um dia agitado.
Tomei café, revi minha agenda (agora utilizo uma), tomei um banho frio e fui relaxar.
Sentei-me num banco de madeira maciça que minha avó utilizava para pitar o chamado “fumo sabiá” (...)Abri a calda do meu Piano e deixei-me levar pelas dedilhadas nas teclas alvas, vívidas daquele belo instrumento musical.
Notas cítricas, sem nexo, mais que entoava de forma esplendorosa.
Meu corpo parou minha mente também.
Meus dedos continuavam na evocação da mais bela melodia composta por mim.
Tentei parar. Mais a música, o som não me deixava. Entrei em transe.
De repente, vi-me num mundo à Salvador Dalí.
A música continuava mais eu já não estava mais a frente das minhas teclas, meu Piano foi dissolvendo-se.
Como num sonho, agora estava voando. Numa espécie de Réquiem, a melodia me envolvia.
O Piano transformava-se em curvas ainda não exploradas por mim. Deixei-me conduzir por essa experiência. Onde ela me levaria?
Só uma forma de saber. Continuar.
Meus dedos, até então explorando as teclas alvas, agora tocava em um corpo lúdico. Seguindo a melodia, vi-me envolvido em uma cena, cujo final não desejara. Não queria parar.
Era fantástico. A cada som, meu corpo vibrava. Minhas mãos corriam em meu Piano , digo, agora naquele corpo desejado por mim.
A cada toque, um sentimento puro. O mais interessante, foi quando meu “Piano” de forma recíproca correspondeu as minhas, agora carícias.
O som entoava cada vez mais rápido, nossos corpos entrelaçavam no compasso da música.
Era extasiante. O ápice do Sonho.
De uma hora pra outra, nossas respirações se acalmavam, a música já não estava na mesma intensidade. Estava branda. Bem suave.
Nossos corpos grudados, ungidos agora se desfaziam.
De forma calma, voltávamos para nosso estado real.
Um último Beijo.
A canção encerra.
Seu corpo volta à forma do meu saudoso Piano, e eu sentado no banco maciço que era da minha avó, agora me deleito num mortal trago de um cigarro.
Fim
{f.S}
Quem sou eu
- Fellix Satto
- Sou Apaixonado pela Arquitetura, Amante das Artes e Vivo pelo Design Sou uma mistura contrapontuada, ...sou aquele que mistura (...) e faz das coisas vãs uma transformação "intra". Contrapontuando os sentidos, faço de mim mesmo uma turbilha dos sentir, dizer e ver - sem tocar.
